6. Afasta de ti a ideia de que a alma é como um sopro, e pensa então sobre teu estado, ou sobre o estado de teus amigos, ou sobre o estado de teus filhos depois da morte. Porventura não pensarás que deves viver homem, e que o mesmo sucede com eles? E, se não há os sentidos, não há vida que seja realmente vida, não podes deixar de pensar também que eles veem, ouvem e falam. Assim escrevem os que fazem orações fúnebres para os falecidos: eles os colocam no céu entre os anjos com vestimentas brancas e em paraísos. Mas, se caíres depois na ideia de que a alma é um sopro, e que ela não vive com os sentidos senão depois do juízo final, porventura não poderás extravagar pensando: "Quem serei, onde estarei durante esse tempo? Estarei voando no ar, ou estarei em alguma parte? E, não obstante, o pregador ensinou-me que depois da morte eu estaria entre os bem-aventurados se caso eu cresse e vivesse no bem". Crê, pois, como é a verdade, que serás homens depois da morte como fostes antes, com a única diferença que existe entre o natural e o espiritual. Assim pensam também todos os que creem na vida eterna e nada sabem da tradição hipotética a respeito da alma.