3. A opinião comum no mundo cristão é que todo o céu visível e toda a terra que é habitada pelos homens devem perecer no dia do juízo final; que um novo céu e uma nova terra existirão em seus lugares; que então as almas dos homens receberão seus corpos; e que assim, o homem se tornará homem como havia sido antes. Essa opinião tornou-se matéria de fé devido ao fato de a Palavra não poder ser compreendida exceto segundo o sentido de sua letra – e não poderia ser compreendida de outro modo antes de seu sentido espiritual ter sido descoberto. E, também, pelo fato de que se introduziu entre muitos a fé que a alma é apenas um sopro exalado pelo homem e que os espíritos, bem como os anjos, têm substância como do vento. Enquanto não houve mais nada no entendimento a respeito das almas, dos espíritos e dos anjos, não foi possível pensar de outro modo sobre o juízo final. Quando, porém, vem ao entendimento que o homem é homem depois da morte como ele o era no mundo, com a única diferença que então ele é revestido de um corpo espiritual e não de um corpo natural como antes, e que o corpo espiritual aparece diante dos que são espirituais do mesmo modo que o corpo natural aparece diante dos que são naturais, então também pôde entrar no entendimento que o juízo final deve se efetuar não no mundo natural, mas no mundo espiritual, porque ali estão juntos todos os homens que tenham nascido e morrido, isto em qualquer lugar.