Apocalipse Revelado

21. "Para Deus e Seu Pai" significa assim, as imagens de Sua Divina Sabedoria e de Seu Divino Amor. Por 'Deus' e 'Pai', no sentido espiritual, não se entendem duas pessoas, mas por 'Deus' se entende o Divino quanto à sabedoria e por 'Pai' se entende o Divino quanto ao amor; na verdade no Senhor há dois: a Divina Sabedoria e o Divino Amor ou a Divina Verdade e o Divino Bem. No Velho Testamento, estes dois são entendidos por 'Deus' e 'Jehovah', aqui por 'Deus' e 'Pai'. Ora, como o Senhor ensina que 'Ele e o Pai são um e que Ele está no Pai e o Pai n'Ele' (João 10:30; 14:10, 11) não se entendem duas pessoas por Deus e Pai, mas somente o Senhor. Também o Divino é um e indivisível, por isso por 'Jesus Cristo nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai' é significado 'a fim de que em Sua presença eles pareçam imagens de Sua Divina Sabedoria e de Seu Divino Amor'; nestes dois também consiste a imagem de Deus nos homens e nos anjos. Que o Divino, que em Si mesmo é um, seja designado na Palavra por diversos nomes, vê-se no opúsculo Doutrina da Nova Jerusalém sobre o Senhor. Que, também, o Senhor mesmo seja o Pai, é evidente nas seguintes passagens de Isaías:

"Um filho nasceu para nós, um filho nos é dado, cujo nome é Admirável, Deus, Herói, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Isaías 9:6).

"Tu, Jehovah, Pai nosso, Redentor nosso, desde o século é o Teu Nome" (Isaías 63:16);

e em João:

"Se vós Me tivésseis conhecido, conheceríeis também a Meu Pai. Desde agora O conheceis e O tendes visto. Disse Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai. Disse-lhe Jesus: Quem viu a Mim viu o Pai. Como, pois, tu dizes: Mostra-nos o Pai? Crede-Me que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim" (João 14:7, 8, 9, 11).

Veja-se, abaixo, o n. 962.

5. "E as significou, enviando pelo Seu anjo ao Seu servo João" significa que foram reveladas pelo Senhor, por intermédio do céu, aos que estão no bem da vida derivado da caridade e da fé da caridade. Por 'significou, enviando pelo Seu anjo', no sentido espiritual, se entende que foram reveladas do céu, ou pelo Senhor por intermédio do céu, porque, nas passagens da Palavra, por 'anjo' se entende o céu angélico e, no sentido supremo, se entende o Senhor mesmo. Isto porque nenhum anjo separado do céu fala com o homem, porque há no céu uma tal conjunção de cada um com todos, que cada um fala pela comunhão, embora o anjo não esteja ciente disso. Com efeito, o céu, na presença do Senhor, é como um só homem, cuja alma é o Senhor mesmo. Por isso o Senhor fala por meio do céu com o homem, como o homem, por sua alma, por intermédio do corpo com um outro homem, e isso tem lugar em conjunção com todas e cada uma das coisas de sua mente, no meio das quais estão as que ele fala. Mas este arcano não pode ser desenvolvido em poucas palavras. Ele foi em parte desenvolvido no livro Sabedoria Angélica sobre o Divino Amor e a Divina Sabedoria. Daí é evidente que pelo 'anjo' é significado o céu e, no sentido supremo, o Senhor. O Senhor é entendido pelo 'anjo' no sentido supremo, porque o céu é céu, não pelos próprios dos anjos, mas pelo Divino do Senhor, pelo qual os anjos têm o amor e a sabedoria e até a vida. É por causa disso que, na Palavra, o Senhor mesmo é chamado 'anjo'. Por estas explicações é evidente que o anjo não falou por si próprio com João, mas foi o Senhor que falou pelo anjo por meio do céu.

[2] Que por estas palavras se entende que essas coisas foram reveladas àqueles que estão no bem da vida pela caridade e a fé da caridade, é porque essas pessoas são entendidas por 'João', porque pelos doze discípulos, ou apóstolos, do Senhor são entendidos todos da igreja que estão nas verdades derivadas do bem e, no sentido abstrato, todas as coisas da igreja. Por 'Pedro' são entendidos todos os que estão na fé e, abstratamente, a própria fé; por 'Tiago', os que estão na caridade e, abstratamente, a própria caridade; por 'João', os que estão no bem da vida derivado da caridade e da fé da caridade e, abstratamente, o próprio bem da vida delas derivado. Que estas coisas sejam entendidas por João, Tiago e Pedro, na Palavra dos Evangelistas, vê-se no livro A Nova Jerusalém e a sua Doutrina Celeste, publicado em Londres, em 1758 (122).

[3] Ora, como o bem da vida derivado da caridade e da fé da caridade faz a igreja, por isso é que os arcanos sobre o estado da igreja, que estão contidos nas visões de João, foram revelados por intermédio desse apóstolo. Que todos os nomes de pessoas e de lugares na Palavra significam coisas do céu e da igreja é o que se mostrou em muitos lugares dosArcanos Celestes, publicados também em Londres. Por essas considerações, pode-se compreender que por 'as significou enviando pelo Seu anjo ao Seu servo João' se entende, no sentido espiritual, que foram reveladas pelo Senhor, por meio do céu, aos que estão no bem da vida derivado da caridade e da fé da caridade, porque a caridade opera o bem pela fé; a caridade não opera por si mesma, nem a fé também opera por si mesma.