Passo 148

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Jó 20:12-29

12 Ainda que o mal lhe seja doce na boca, ainda que ele o esconda debaixo da sua língua,

13 ainda que não o queira largar, antes o retenha na sua boca,

14 contudo a sua comida se transforma nas suas entranhas; dentro dele se torna em fel de áspides.

15 Engoliu riquezas, mas vomitá-las-á; do ventre dele Deus as lançará.

16 Veneno de áspides sorverá, língua de víbora o matará.

17 Não verá as correntes, os rios e os ribeiros de mel e de manteiga.

18 O que adquiriu pelo trabalho, isso restituirá, e não o engolirá; não se regozijará conforme a fazenda que ajuntou.

19 Pois que oprimiu e desamparou os pobres, e roubou a casa que não edificou.

20 Porquanto não houve limite à sua cobiça, nada salvará daquilo em que se deleita.

21 Nada escapou à sua voracidade; pelo que a sua prosperidade não perdurará.

22 Na plenitude da sua abastança, estará angustiado; toda a força da miséria virá sobre ele.

23 Mesmo estando ele a encher o seu estômago, Deus mandará sobre ele o ardor da sua ira, que fará chover sobre ele quando for comer.

24 Ainda que fuja das armas de ferro, o arco de bronze o atravessará.

25 Ele arranca do seu corpo a flecha, que sai resplandecente do seu fel; terrores vêm sobre ele.

26 Todas as trevas são reservadas paro os seus tesouros; um fogo não assoprado o consumirá, e devorará o que ficar na sua tenda.

27 Os céus revelarão a sua iniqüidade, e contra ele a terra se levantará.

28 As rendas de sua casa ir-se-ão; no dia da ira de Deus todas se derramarão.

29 Esta, da parte de Deus, é a porção do ímpio; esta é a herança que Deus lhe reserva.

Jó 21

1 Então Jó respondeu:

2 Ouvi atentamente as minhas palavras; seja isto a vossa consolação.

3 Sofrei-me, e eu falarei; e, havendo eu falado, zombai.

4 É porventura do homem que eu me queixo? Mas, ainda que assim fosse, não teria motivo de me impacientar?

5 Olhai para mim, e pasmai, e ponde a mão sobre a boca.

6 Quando me lembro disto, me perturbo, e a minha carne estremece de horror.

7 Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se robustecem em poder?

8 Os seus filhos se estabelecem à vista deles, e os seus descendentes perante os seus olhos.

9 As suas casas estão em paz, sem temor, e a vara de Deus não está sobre eles.

10 O seu touro gera, e não falha; pare a sua vaca, e não aborta.

11 Eles fazem sair os seus pequeninos, como a um rebanho, e suas crianças andam saltando.

12 Levantam a voz, ao som do tamboril e da harpa, e regozijam-se ao som da flauta.

13 Na prosperidade passam os seus dias, e num momento descem ao Seol.

14 Eles dizem a Deus: retira-te de nós, pois não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.

15 Que é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará, se lhe fizermos orações?

16 Vede, porém, que eles não têm na mão a prosperidade; esteja longe de mim o conselho dos ímpios!

17 Quantas vezes sucede que se apague a lâmpada dos ímpios? que lhes sobrevenha a sua destruição? que Deus na sua ira lhes reparta dores?

18 que eles sejam como a palha diante do vento, e como a pragana, que o redemoinho arrebata?

19 Deus, dizeis vós, reserva a iniqüidade do pai para seus filhos, mas é a ele mesmo que Deus deveria punir, para que o conheça.

20 Vejam os seus próprios olhos a sua ruina, e beba ele do furor do Todo-Poderoso.

21 Pois, que lhe importa a sua casa depois de morto, quando lhe for cortado o número dos seus meses?

22 Acaso se ensinará ciência a Deus, a ele que julga os excelsos?

23 Um morre em plena prosperidade, inteiramente sossegado e tranqüilo;

24 com os seus baldes cheios de leite, e a medula dos seus ossos umedecida.

25 Outro, ao contrário, morre em amargura de alma, não havendo provado do bem.

26 Juntamente jazem no pó, e os vermes os cobrem.

27 Eis que conheço os vossos pensamentos, e os maus intentos com que me fazeis injustiça.

28 Pois dizeis: Onde está a casa do príncipe, e onde a tenda em que morava o ímpio?

29 Porventura não perguntastes aos viandantes? e não aceitais o seu testemunho,

30 de que o mau é preservado no dia da destruição, e poupado no dia do furor?

31 Quem acusará diante dele o seu caminho? e quem lhe dará o pago do que fez?

32 Ele é levado para a sepultura, e vigiam-lhe o túmulo.

33 Os torrões do vale lhe são doces, e o seguirão todos os homens, como ele o fez aos inumeráveis que o precederam.

34 Como, pois, me ofereceis consolações vãs, quando nas vossas respostas só resta falsidade?

Jó 22

1 Então respondeu Elifaz, o temanita:

2 Pode o homem ser de algum proveito a Deus? Antes a si mesmo é que o prudenté será proveitoso.

3 Tem o Todo-Poderoso prazer em que tu sejas justo, ou lucro em que tu faças perfeitos os teus caminhos?

4 É por causa da tua reverência que te repreende, ou que entra contigo em juízo?

5 Não é grande a tua malícia, e sem termo as tuas iniqüidades?

6 Pois sem causa tomaste penhôres a teus irmaos e aos nus despojaste dos vestidos.

7 Não deste ao cansado água a beber, e ao faminto retiveste o pão.

8 Mas ao poderoso pertencia a terra, e o homem acatado habitava nela.

9 Despediste vazias as viúvas, e os braços dos órfãos foram quebrados.

10 Por isso é que estás cercado de laços, e te perturba um pavor repentino,

11 ou trevas de modo que nada podes ver, e a inundação de águas te cobre.

12 Não está Deus na altura do céu? Olha para as mais altas estrelas, quão elevadas estão!

13 E dizes: Que sabe Deus? Pode ele julgar através da escuridão?

14 Grossas nuvens o encobrem, de modo que não pode ver; e ele passeia em volta da abóbada do céu.

15 Queres seguir a vereda antiga, que pisaram os homens iníquos?

16 Os quais foram arrebatados antes do seu tempo; e o seu fundamento se derramou qual um rio.

17 Diziam a Deus: retira-te de nós; e ainda: Que é que o Todo-Poderoso nos pode fazer?

18 Contudo ele encheu de bens as suas casas. Mas longe de mim estejam os conselhos dos ímpios!

19 Os justos o vêem, e se alegram: e os inocentes escarnecem deles,

20 dizendo: Na verdade são exterminados os nossos adversários, e o fogo consumiu o que deixaram.

21 Apega-te, pois, a Deus, e tem paz, e assim te sobrevirá o bem.

22 Aceita, peço-te, a lei da sua boca, e põe as suas palavras no teu coração.

23 Se te voltares para o Todo-Poderoso, serás edificado; se lançares a iniqüidade longe da tua tenda,

24 e deitares o teu tesouro no pó, e o ouro de Ofir entre as pedras dos ribeiros,

25 então o Todo-Poderoso será o teu tesouro, e a tua prata preciosa.

26 Pois então te deleitarás no Todo-Poderoso, e levantarás o teu rosto para Deus.

27 Tu orarás a ele, e ele te ouvirá; e pagarás os teus votos.

28 Também determinarás algum negócio, e ser-te-á firme, e a luz brilhará em teus caminhos.

29 Quando te abaterem, dirás: haja exaltação! E Deus salvará ao humilde.

30 E livrará até o que não é inocente, que será libertado pela pureza de tuas mãos.

Jó 23

1 Então Jó respondeu:

2 Ainda hoje a minha queixa está em amargura; o peso da mão dele é maior do que o meu gemido.

3 Ah, se eu soubesse onde encontrá-lo, e pudesse chegar ao seu tribunal!

4 Exporia ante ele a minha causa, e encheria a minha boca de argumentos.

5 Saberia as palavras com que ele me respondesse, e entenderia o que me dissesse.

6 Acaso contenderia ele comigo segundo a grandeza do seu poder? Não; antes ele me daria ouvidos.

7 Ali o reto pleitearia com ele, e eu seria absolvido para sempre por meu Juiz.

8 Eis que vou adiante, mas não está ali; volto para trás, e não o percebo;

9 procuro-o à esquerda, onde ele opera, mas não o vejo; viro-me para a direita, e não o diviso.

10 Mas ele sabe o caminho por que eu ando; provando-me ele, sairei como o ouro.

11 Os meus pés se mantiveram nas suas pisadas; guardei o seu caminho, e não me desviei dele.

12 Nunca me apartei do preceito dos seus lábios, e escondi no meu peito as palavras da sua boca.

13 Mas ele está resolvido; quem então pode desviá-lo? E o que ele quiser, isso fará.

14 Pois cumprirá o que está ordenado a meu respeito, e muitas coisas como estas ainda tem consigo.

15 Por isso me perturbo diante dele; e quando considero, tenho medo dele.

16 Deus macerou o meu coração; o Todo-Poderoso me perturbou.

17 Pois não estou desfalecido por causa das trevas, nem porque a escuridão cobre o meu rosto.

Jó 24:1-12

1 Por que o Todo-Poderoso não designa tempos? e por que os que o conhecem não vêem os seus dias?

2 Há os que removem os limites; roubam os rebanhos, e os apascentam.

3 Levam o jumento do órfão, tomam em penhor o boi da viúva.

4 Desviam do caminho os necessitados; e os oprimidos da terra juntos se escondem.

5 Eis que, como jumentos monteses no deserto, saem eles ao seu trabalho, procurando no ermo a presa que lhes sirva de sustento para seus filhos.

6 No campo segam o seu pasto, e vindimam a vinha do ímpio.

7 Passam a noite nus, sem roupa, não tendo coberta contra o frio.

8 Pelas chuvas das montanhas são molhados e, por falta de abrigo, abraçam-se com as rochas.

9 Há os que arrancam do peito o órfão, e tomam o penhor do pobre;

10 fazem que estes andem nus, sem roupa, e, embora famintos, carreguem os molhos.

11 Espremem o azeite dentro dos muros daqueles homens; pisam os seus lagares, e ainda têm sede.

12 Dentro das cidades gemem os moribundos, e a alma dos feridos clama; e contudo Deus não considera o seu clamor.