Passo 299

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Marcos 14:12-72

12 Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, quando imolavam a páscoa, disseram-lhe seus discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa?

13 Enviou, pois, dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem levando um cântaro de água; seguí-o;

14 e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o meu aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?

15 E ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado e pronto; aí fazei-nos os preparativos.

16 Partindo, pois, os discípulos, foram à cidade, onde acharam tudo como ele lhes dissera, e prepararam a páscoa.

17 Ao anoitecer chegou ele com os doze.

18 E, quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me.

19 Ao que eles começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe um após outro: Porventura sou eu?

20 Respondeu-lhes: É um dos doze, que mete comigo a mão no prato.

21 Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido.

22 Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo.

23 E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele.

24 E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado.

25 Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.

26 E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.

27 Disse-lhes então Jesus: Todos vós vos escandalizareis; porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão.

28 Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia.

29 Ao que Pedro lhe disse: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu.

30 Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás.

31 Mas ele repetia com veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Assim também diziam todos.

32 Então chegaram a um lugar chamado Getsêmane, e disse Jesus a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro.

33 E levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a angustiar-se;

34 e disse-lhes: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai.

35 E adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.

36 E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres.

37 Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não pudeste vigiar uma hora?

38 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.

39 Retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.

40 E voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados; e não sabiam o que lhe responder.

41 Ao voltar pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e descansai. - Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.

42 Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.

43 E logo, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes, dos escribas e dos anciãos.

44 Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o e levai-o com segurança.

45 E, logo que chegou, aproximando-se de Jesus, disse: Rabi! E o beijou.

46 Ao que eles lhes lançaram as mãos, e o prenderam.

47 Mas um dos que ali estavam, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha.

48 Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador?

49 Todos os dias estava convosco no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas isto é para que se cumpram as Escrituras.

50 Nisto, todos o deixaram e fugiram.

51 Ora, seguia-o certo jovem envolto em um lençol sobre o corpo nu; e o agarraram.

52 Mas ele, largando o lençol, fugiu despido.

53 Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas.

54 E Pedro o seguiu de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote, e estava sentado com os guardas, aquentando-se ao fogo.

55 Os principais sacerdotes testemunho contra Jesus para o matar, e não o achavam.

56 Porque contra ele muitos depunham falsamente, mas os testemunhos não concordavam.

57 Levantaram-se por fim alguns que depunham falsamente contra ele, dizendo:

58 Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.

59 E nem assim concordava o seu testemunho.

60 Levantou-se então o sumo sacerdote no meio e perguntou a Jesus: Não respondes coisa alguma? Que é que estes depõem conta ti?

61 Ele, porém, permaneceu calado, e nada respondeu. Tornou o sumo sacerdote a interrogá-lo, perguntando-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito?

62 Respondeu Jesus: Eu o sou; e vereis o Filho do homem assentado à direita do Poder e vindo com as nuvens do céu.

63 Então o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que precisamos ainda de testemunhas?

64 Acabais de ouvir a blasfêmia; que vos parece? E todos o condenaram como réu de morte.

65 E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe socos, e a dizer-lhe: Profetiza. E os guardas receberam-no a bofetadas.

66 Ora, estando Pedro em baixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote

67 e, vendo a Pedro, que se estava aquentando, encarou-o e disse: Tu também estavas com o nazareno, esse Jesus.

68 Mas ele o negou, dizendo: Não sei nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre.

69 E a criada, vendo-o, começou de novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles.

70 Mas ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram novamente a Pedro: Certamente tu és um deles; pois és também galileu.

71 Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais.

72 Nesse instante o galo cantou pela segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que lhe dissera Jesus: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E caindo em si, começou a chorar.

Marcos 15

1 Logo de manhã tiveram conselho os principais sacerdotes com os anciãos, os escribas e todo o sinédrio; e maniatando a Jesus, o levaram e o entregaram a Pilatos.

2 Pilatos lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.

3 e os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas.

4 Tornou Pilatos a interrogá-lo, dizendo: Não respondes nada? Vê quantas acusações te fazem.

5 Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se admirava.

6 Ora, por ocasião da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem.

7 E havia um, chamado Barrabás, preso com outros sediciosos, os quais num motim haviam cometido um homicídio.

8 E a multidão subiu e começou a pedir o que lhe costumava fazer.

9 Ao que Pilatos lhes perguntou: Quereis que vos solte o rei dos judeus?

10 Pois ele sabia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado.

11 Mas os principais sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes a Barrabás.

12 E Pilatos, tornando a falar, perguntou-lhes: Que farei então daquele a quem chamais reis dos judeus?

13 Novamente clamaram eles: Crucifica-o!

14 Disse-lhes Pilatos: Mas que mal fez ele? Ao que eles clamaram ainda mais: Crucifica-o!

15 Então Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhe Barrabás; e tendo mandado açoitar a Jesus, o entregou para ser crucificado.

16 Os soldados, pois, levaram-no para dentro, ao pátio, que é o pretório, e convocaram toda a coorte;

17 vestiram-no de púrpura e puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido;

18 e começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus!

19 Davam-lhe com uma cana na cabeça, cuspiam nele e, postos de joelhos, o adoravam.

20 Depois de o terem assim escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e lhe puseram as vestes. Então o levaram para fora, a fim de o crucificarem.

21 E obrigaram certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz.

22 Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira.

23 E ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não o tomou.

24 Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria.

25 E era a hora terceira quando o crucificaram.

26 Por cima dele estava escrito o título da sua acusação: O REI DOS JUDEUS.

27 Também, com ele, crucificaram dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda.

28 [E cumpriu-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.]

29 E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas.

30 salva-te a ti mesmo, descendo da cruz.

31 De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas, escarnecendo-o, diziam entre si: A outros salvou; a si mesmo não pode salvar;

32 desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos, Também os que com ele foram crucificados o injuriavam.

33 E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona.

34 E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?

35 Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias.

36 Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo.

37 Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.

38 Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo.

39 Ora, o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este homem era filho de Deus.

40 Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé;

41 as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.

42 Ao cair da tarde, como era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,

43 José de Arimatéia, ilustre membro do sinédrio, que também esperava o reino de Deus, cobrando ânimo foi Pilatos e pediu o corpo de Jesus.

44 Admirou-se Pilatos de que já tivesse morrido; e chamando o centurião, perguntou-lhe se, de fato, havia morrido.

45 E, depois que o soube do centurião, cedeu o cadáver a José;

46 o qual, tendo comprado um pano de linho, tirou da cruz o corpo, envolveu-o no pano e o depositou num sepulcro aberto em rocha; e rolou uma pedra para a porta do sepulcro.

47 E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde fora posto.

Marcos 16

1 Ora, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.

2 E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol.

3 E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?

4 Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava revolvida;

5 e entrando no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram atemorizadas.

6 Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram.

7 Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.

8 E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de medo e assombro; e não disseram nada a ninguém, porque temiam.

9 [Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.

10 Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os quais estavam tristes e chorando;

11 e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.

12 Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo,

13 os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito.

14 Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido.

15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.

16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

17 E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;

18 pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados.

19 Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.

20 Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.]